14 05 2005
1 - O animal regula o seu consumo conforme suas necessidades - Apenas para o sal branco (NaCl) existe essa aproximação. Mesmo assim, muitos outros fatores podem "desregular" este controle. O NaCl é também o único mineral pelo qual o animal tem desejo de consumo. Pode-se considerar, a grosso modo, que os demais minerais serão consumidos na proporção que o animal necessitar de sódio. Em outras palavras, um animal pode morrer de deficiência de certo mineral, exceto o sódio, mesmo tendo este mineral à sua disposição.2 - Quanto maior o teor de nutrientes, melhor o sal - É comum a comparação da concentração de nutrientes das fórmulas na compra de minerais. Deve-se lembrar que o valor em questão representa apenas quantos gramas do nutriente há em cada quilo do produto. Vai depender do consumo de cada mistura a quantidade de nutriente que estará disponível para o animal. Por isso é muito importante conhecer o consumo. Este deve ser informado pelo fabricante ou calculado pelo pecuarista. Outro aspecto importante de ser salientado são alguns exageros cometidos em algumas fórmulas, quando a quantidade de certos nutrientes ingerida pelo animal acaba sendo várias vezes maior que a sua necessidade. Além disso ser, geralmente, desnecessário, pode ocorrer interferência do excesso desse mineral sobre os outros, prejudicando o desempenho animal. O ideal é haver um equilíbrio dos nutrientes.
3 - Os palatabilizantes são truques para maiores vendas - Muitos acham que a inclusão de palatabilizantes é apenas má fé das empresas para vender mais produto. De fato o objetivo deles é aumentar o consumo, mas de forma a apenas garantir o consumo desejado. Além disso ele tem outra função que é manter o consumo mais uniforme. Empresas que exagerem na dose de palatabilizante têm vida curta no mercado.
4 - Cálcio (Ca) e Fósforo (P) são para animais jovens - É comum ouvir que Ca e P são para animais jovens e os micronutrientes são para os mais erados. Isto se baseia no fato de o animal estar em crescimento e, para haver bom desenvolvimento ósseo, é necessário especial atenção para esses nutrientes. Na verdade, as exigências de Ca e P permanecem praticamente inalteradas durante a vida do animal, pois uma menor necessidade com o passar do tempo é compensada por uma menor eficiência de absorção. Além disso, o correto é sempre se preocupar com todos os nutrientes, de forma global, ou seja, macros e micronutrientes devem ter a mesma importância para todas as idades.
5 - Relação Ca: P deve ser 2:1 - Muitos compradores procuram observar se o teor de Ca é aproximadamente o dobro do teor de P. Essa seria a relação ideal para aproveitamento destes nutrientes, mas não apenas do sal e sim da dieta como um todo. Assim, só adianta o sal ter essa relação se o restante da dieta (por exemplo a pastagem) também tiver a mesma relação. E o superconsumo? Dietas com relações de até 7:1 não causaram problemas. Na verdade o problema maior é uma relação inferior a 1:1 (Ca menor do que P).
6 - Na seca não adianta mineralizar os animais - Alguns trabalhos mostram que não houve diferença entre animais que tinham acesso as misturas minerais completas e outros que consumiam apenas sal branco. O que deve ter ocorrido nestes casos é que outro fator foi mais limitante, afora os minerais. Na seca, esse fator costuma ser o baixo teor protéico das pastagens. Ao contrário de deixar de mineralizar, neste casom, o que se deve fazer é corrigir essa limitação primária usando, por exemplo, sal com uréia ou sais proteinados.
7 - Nas águas, o mineral não é tão importante - A visão da pastagem viçosa das águas pode fazer acreditar que a suplementação pode ser diminuída sem prejuízo para o desempenho. Errado! Esta é a hora em que o animal mais demanda nutrientes, pois está com um crescimento acelerado. Deixar de aproveitar essa época de crescimento é um grande desperdício. Além disso, há o perigo: o consumo de minerais tende a diminuir nesta ocasião. Este é mais um motivo para ter um bom controle de consumo na fazenda.
8 - O "map" misturado à água melhora o desempenho - Não necessariamente, pois só haverá resposta se a soma do P consumido através do sal mineral e da pastagem ainda for inferior às necessidades do animal. Normalmente não deve haver este problema. Considerando a difícil operacionalização do abastecimento via água, essa opção deve ser usadas apenas em casos extremos. Alguns acreditam que o suprimento do nitrogênio contido no MAP faria alguma diferença, mas - na verdade - a quantidade ingerida é muito pequena.
9 - O cocho deve ficar no lado oposto da aguada - Existe a crença que a colocação do cocho no lado oposto da aguada favorece a uniformidade do pastejo, pois obriga o animal a se movimentar através da pastagem. Entretanto, mesmo com o cocho no mesmo lado da aguada o comportamento do animal é andar pelo pasto. Outros fatores são mais determinantes na uniformidade de pastejo (lotação, tamanho da área, tipo de pastejo, formato do pasto...) independente do local do cocho. A distância do cocho à aguada pode ser usada para ajudar no controle do consumo (mais perto, aumenta; e mais longe, diminui). O aspecto mais importante da localização do cocho deve ser a facilidade de vistoria e abastecimento pelo salgador.
10 - Sal mineral é tudo a mesma coisa - O sal mineral por ser algo, a princípio, muito simples de ser feito, com tantas opções de marca, dá a falsa impressão que pode ser tratado como uma coisa só. Na verdade, e até por isso mesmo, deve-se procurar a segurança de firmas idôneas, cujos níveis de garantia sejam respeitados. Firmas que usem matérias primas adequadas, façam rotineiramente controle de qualidade na matéria prima e possuam um mínimo de supervisão técnica para garantir uma fórmula razoavelmente equilibrada e informações sobre o produto, como seu consumo por exemplo. Muitas empresas estão usando o artifício de incluindo elementos ou aditivos sem nenhum cabimento técnico ou de eficácia duvidosa, apenas para se diferenciar no mercado. Deve-se desconfiar de promessas de ganho muito grandes e também de preços muito baratos.
Sergio Raposo de Medeiros - E-mail: sraposo@netalpha.com.br
Fonte: Publicado em "Agropecuária Tropical" nº 117, fevereiro/março 2001.
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